quarta-feira, 14 de maio de 2008

Filosofia : a palavra é A L T E R I D A D E


(Union Cavalry at Gettysburg, July 1st 1863(Civil War Times Illustrated)


No dia a dia sempre queremos saber o significado de uma ou outra palavra. Mas algumas delas são tão importantes que merecem uma pesquisa além de seu significado linguístico. Algumas palavras adquirem valores específicos quando analisadas em outros contextos, como o filosófico, o antropológico, o sociológico, o psicanalítico, etc.
Por esse motivo, tentarei analisar de forma recorrente, algumas dessas palavras importantes. A palavra "alteridade" está "pedindo" para ser uma das primeiras face à importância que o tema tem ganhado nos últimos momentos da história dos conflitos nacionais. Tudo o que falta é exatamente um pensar com alteridade. No contexto brasileiro agir preocupando-se com a alteridade, não tem sido a tônica dos atores sociais. Há conflito. E embora, em tese, possa haver conflito com os contendores preocupados com a alteridade, a marca dos conflitos atuais apresenta a nota de sua ausência.
Mas vamos à definição. Para a definição utilizamos o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano(Editora Martins Fontes, São Paulo, 2000, págs. 34/35), que apresenta um aprofundamento que não é nosso objetivo, mas enfim, resolvi transcrever o verbete inteiro, sem preocupação com o que pensaram a respeito Aristóteles, Plotino ou Hegel:


ALTERIDADE(latim- Alteritas, Alietas; inglês – otherness; francês - Altérité; Alemão – Anderheit, Anderssein; italiano – Alterita). Ser outro, colocar-se ou constituir-se como outro. A alteridade é um conceito mais restrito que a diversidade e mais extenso que a diferença. A diversidade pode ser também puramente numérica, não assim a alteridade(cf. ARISTÓTELES, Met. IV, 9, 1.018 a 12). Por outro lado, a diferença implica sempre a determinação da diversidade, enquanto a alteridade não a implica. Aristóteles considerou que a distinção de um gênero em várias espécies e a diferença dessas espécies na unidade de um gênero implica uma Alteridade inerente ao próprio gênero: isto é, uma Alteridade que diferencia o gênero e o torna intrinsecamente diverso(Met. V, 8, 1.058 a 4 ss). Do conceito de Alteridade valeu-se Plotino para assinalar a diferença entre a unidade absoluta do primeiro Princípio e o intelecto, que é a sua primeira emanação: sendo o intelecto ao mesmo tempo pensante e pensado, intelecto enquanto pensa, ente enquanto é pensado, é marcado pela Alteridade, além de sê-lo pela identidade(Emm., V, I, 4). De modo análogo, Hegel utiliza o mesmo conceito para definir a natureza com relação à Idéia, que é a totalidade racional da realidade. A natureza é “ a idéia na forma de ser outro(Anderssein)”.Desse modo, é a negação de si mesma é exterior a si mesma: de modo que a exterioridade constitui a determinação fundamental da natureza(Enc. §247). Mas, de modo mais geral, pode-se dizer que, segundo Hegel, a Alteridade acompanha todo o desenvolvimento dialético da Idéia, porque é inerente ao momento negativo, intrínseco a esse desenvolvimento. De fato, tão logo estejam fora do ser indeterminado, que tem como negação o nada puro, as determinações negativas da Idéia tornam-se, por sua vez, alguma coisa de determinado, isto é, um “ser outro” que não aquilo mesmo que negam. “A negação – não mais como o nada abstrato, mas como um ser determinado e um algo – é somente forma para esse algo, é um ser outro” (Enc., § 91).


Um comentário:

Unknown disse...

Refere-se a alteridade a um outro, então podemos dizer:
João é igual......
A liberdade é totalmente diferente:
João é livre.
A alteridade diz respeito a igualdade que todos temos, isto é,a
natural.
Obrigada
vanda